domingo, 18 de outubro de 2009

Cansei de ser cenário.
Serei a cena.
Dane-se o mundo!
Lavanda a massagear a pele.
A penetrar no íntimo,
como uma brisa calma.
A balançar de leve as folhagens.
Pelas entranhas,
Vai tingindo seu azul bebê
No vermelho das angústias.
Talvez pimenta fosse melhor.
Tingir logo de negro.
Arder!
Gritar!
Mas lavanda acalma.
E a vida segue.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Paralelas

Que bela poesia. Estava ouvindo agora (na interpretação precisa de Elba Ramalho) e resolvi postar. Fantástica essa composição de Belchior.

"Dentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora, oh! Meu amor
Só tens agora
Os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho
E fico rico
Quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor

Em cada luz de mercúrio
Vejo a luz do teu olhar
Passa as praças, viadutos
Nem te lembras de voltar
De voltar, de voltar
No Corcovado
Quem abre os braços sou eu
Copacabana
Esta semana o mar sou eu
Como é perversa a juventude
Do meu coração
E só entende o que é cruel
O que é paixão

E as paralelas
Dos pneus na água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu
No apartamento
Oitavo andar abro a vidraça
E grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu
Sou eu, sou eu, sou eu

No Corcovado
Quem abre os braços sou eu
Copacabana
Esta semana o mar sou eu
Como é perversa a juventude
Do meu coração
E só entende o que é cruel
O que é paixão"